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Nota de esclarecimento do MTST sobre o incêndio e desmoronamento de prédio ocupado no centro de SP

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) tem mais de 20 anos de história de luta por moradia no Brasil. Nesse período colaborou para que milhares de pessoas tivessem acesso à moradia digna, um direito constitucional negado a mais de 6 milhões de famílias no país.

Nos últimos dois anos, estivemos na linha de frente das lutas e denúncias contra os cortes no orçamento da habitação. No ano de 2017, o governo Temer destinou apenas 9% dos valores previstos com moradia no orçamento. A faixa mais afetada foi a de baixa renda, que compreende famílias que recebem até 1.800 reais. Enquanto isso a Caixa Econômica ampliou o limite de financiamento para imóveis de luxo, uma completa inversão de prioridades.

O incêndio no edifício no Centro de São Paulo essa madrugada (1º de maio) deixou mais de 150 famílias desalojadas; não se sabe ainda o número exato de vítimas.

A solidariedade às famílias que perderam tudo nessa tragédia é dever de todos nesse momento. Não podemos aceitar que uma catástrofe como essa seja utilizada para criminalizar aqueles que lutam por uma vida mais digna. Por isso repudiamos notícias tendenciosas da imprensa e comentários como o do governador Marcio França, que culpam as próprias famílias pelo seu infortúnio. Repudiamos também comentários preconceituosos que se amontoam nas redes.

Reafirmamos mais uma vez: as ocupações não são uma escolha, mas a única opção para milhares de famílias, diante da grave crise que assola o país e da falta de políticas públicas de habitação.

Aproveitamos o momento para esclarecer alguns pontos:

1) A ocupação vítima do incêndio não era organizada pelo MTST e sim por outro movimento de moradia, o MLSM – Movimento de Luta Social por Moradia;

2) Desde que tivemos acesso às notícias do incêndio, integrantes do MTST, juntamente com outros movimentos de moradia de São Paulo se mobilizaram para discutir estratégias de solidariedade às famílias;

3) O MTST não tem ocupações no centro de São Paulo e não pratica a cobrança de nenhum valor das famílias organizadas em nossas ocupações.