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Em Manaus, os lutadores sociais sofrem ameaças e denunciam perseguição

Autoritarismo, ameaças de morte e violência preocupam militantes do movimento pela moradia na região

Por Otávio Nagoya

Os movimentos sociais da cidade de Manaus têm se manifestado com bastante preocupação sobre os recentes acontecimentos na região. Na noite de domingo, 15 de maio, cerca de trezentas famílias organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) ocuparam um latifúndio urbano, conhecido como Águas Claras, que, segundo o MTST, é uma área grilada por diversas imobiliárias de Manaus. Na mesma noite, as famílias foram despejadas com excessiva violência. Mesmo após o despejo, os militantes do MTST têm sido vítimas de ameaças.

Segundo o militante Júlio Cesár de Souza, do MTST, a ação de despejo realizada pela Polícia Militar foi humilhante e violenta: “todo mundo era tratado igual bandido, eles nos revistaram e apontaram armas de fogo nas nossas cabeças”. O movimento também afirma que o despejo foi feito de forma ilegal, sem nenhum mandato ou ordem judicial.

No dia seguinte, 16 de maio, a casa de um militante do MTST foi invadida por homens armados, acusados pelo movimento de serem representantes dos interesses da especulação imobiliária e da grilagem. “Apontaram uma arma na cabeça da dona da casa, se o nosso companheiro estivesse lá, estaria morto”, relata Júlio Cesár de Souza. O militante também conta que, ao chegar ou sair de um local, sempre avista algumas motos o seguindo. “É assim que eles resolvem as coisas por aqui. Com o capacete, não dá nem pra ver o rosto dessas pessoas. Tem muitos militantes que se esconderam por aqui”,  lamenta.

Outro fato também assustou aqueles que lutam por moradia em Manaus: na segunda-feira, 16 de maio, foram encontrados três corpos na estrada da Vivenda Verde, Zona Oeste da cidade. A região está localizada perto de um assentamento do movimento sem-teto. As vítimas foram encontradas algemadas e com tiros de pistola na cabeça. Segundo a polícia e a imprensa local, o motivo do crime foi o envolvimento das vítimas com o tráfico de drogas. Porém, Júlio César de Souza afirma que “as vítimas faziam a segurança de um assentamento da região, organizado por outro movimento”.

O MTST divulgou uma nota sobre o ocorrido e informa que, apesar das ameaças, seus militantes estão dispostos a resistir lutando “contra a grilagem e a especulação no Amazonas e no Brasil inteiro e por uma Reforma Urbana popular”.Leia a nota na íntegra.