2017: Ano de muitas lutas e conquistas para o MTST
Por Brigada de Comunicação
Com toda certeza, o ano de 2017 ficará marcado por lutas pela manutenção de direitos de trabalhadores e trabalhadoras do Brasil. Um ano de resistência em que, mesmo frente a sucessivos golpes parlamentares, figurados como “reformas” e que beneficiam apenas parcelas privilegiadas da sociedade, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto atuou como ruptura a esse sistema perverso e desumano.
Presente atualmente em 14 estados do país, o MTST arrancou vitórias em cinco deles, considerando o Distrito Federal. Vitórias conquistadas e que merecem ser relembradas por todos os guerreiros e guerreiras que as construíram.
MINAS GERAIS
Em Minas, a vitória foi na cidade de Uberlândia, para a Comunidade do Glória, bairro Elisson Preto e de pouco mais de 5 anos e que há pouco o MTST somou forças. A conquista se deu para 2.400 famílias, anunciada no dia 14 de dezembro, quando foi assinado o acordo entre a Universidade Federal de Uberlândia (proprietária da área), o MTST – Minas Gerais, o Ministério Público e a COHAB — que também providenciará a regularização, fazendo a entrega dos títulos de propriedade. A prefeitura de Uberlândia também concordou com todos os termos, apesar de não tendo participado da cerimônia oficial.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto atuou em aliança, como apoiador numa luta que já acontecia há 5 anos, mas foi considerado pelos acampados como fundamental para o processo de intermediação na regularização da área e, desse modo, compartilha com alegria e satisfação a conquista do direito à moradia da Comunidade do Glória.
DISTRITO FEDERAL
Em Brasília, Ceilândia, merece destaque a entrega das escrituras dos terrenos/lotes para a Ocupação Povo Sem Medo do Sol Nascente e o início do maior Mutirão de Bioconstrução do estado. O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto contou com o apoio da Permacultura, que trouxe o projeto de moradia autossustentável, mais barata e que possibilita a construção das EcoVilas.
Vale ressaltar que a primeira casa a ser construída é a da Dona Alzerita, que visitou a obra coletiva e ainda incentivou a todos e todas com muita emoção. Esse estágio do Mutirão da Bioconstrução vai até o dia 23 de dezembro e você pode acompanhar as informações na página MTST Brasília.
GOIÁS
A 1ª Ocupação do MTST na região de Goiânia foi em 2015 e a conquista finalmente chegou. São 93 lotes de preenchimento urbano divididos entre o Residencial Itaipu e o Parque Eldorado Oeste. As famílias do Residencial Itaipu e Parque Eldorado Oeste já vêm construindo suas moradias nos lotes, e a luta segue firme!
CEARÁ
Com um déficit habitacional calculado em torno de meio milhão de moradias somente no estado cearense, as conquistas arrancadas pelo MTST Ceará tornam-se um marco da luta por moradia. E não foi fácil.
As primeiras conquistas foram fruto de protestos realizados ainda em 2014, durante a reunião dos BRICS em Fortaleza, quando o movimento fechou a principal rodovia da região. Dali, saíram as primeiras 400 moradias cedidas pelo governo.
Já em 2017, a conquista foi fruto da luta da Ocupação Bandeira Vermelha, em Maracanaú, região metropolitana de Fortaleza. Despejada de forma violenta em 2015, a ocupação se reestabeleceu numa creche abandonada próxima ao terreno original. Dali, foram arrancadas mais 600 moradias. A luta resultou na retomada das negociações do Residencial Orgulho do Ceará – MCMV, conjunto habitacional totalmente concluído há mais de dois anos e que deveria atender em torno de 10 mil pessoas, com mais de 2 mil famílias hoje inscritas.
Iniciada em 2016, a Ocupação Povo Sem Medo de Bom Jardim — considerada a região mais pobre de Fortaleza — rendeu suas primeiras moradias neste ano. Já são 167 famílias com a chave da casa própria em mãos.
GUARULHOS (SP)
Colada em São Paulo e detentora do maior aeroporto do país, a cidade de Guarulhos também é conhecida por seu imenso déficit habitacional. Um reflexo disso foi a rápida massificação que se deu na Ocupação Povo Sem Medo de Guarulhos, no bairro dos Pimentas. Após a entrada no terreno, em junho deste ano, em poucos dias os acampados ultrapassavam as 6 mil famílias.
Somaram-se aos lutadores e lutadoras da Ocupação Hugo Chavez, também em Guarulhos. Juntas, ambas as ocupações conquistaram uma gigantesca vitória ao conseguirem um termo de compromisso para a construção de 10 mil moradias através do Minha Casa Minha Vida – Entidades.
O compromisso foi firmado pela prefeitura e a secretaria de habitação, representada pelo sr. Paulo Almeida, e os coordenadores do MTST Guilherme Boulos e Zelídio Lima. A expectativa é que os lotes sejam legalizados, sendo ainda necessária a definição do tipo de construção (prédios ou casas).
Vale ressaltar que a luta em Guarulhos não parou por aí, já que o Ministério Público vem pedindo junto a prefeitura o despejo de aproximadamente 10 mil pessoas que já possuem moradia consolidada — inclusive com abastecimento de água e energia elétrica. A justificativa seria o risco apresentado em 92 comunidades, além da necessidade de recuperação ambiental. O MTST e a Frente Povo Sem Medo se mobilizaram contra o risco dessas pessoas ficarem sem alternativa, embora o próprio MP afirme que também está compromissado com uma solução.
EMBU DAS ARTES (SP)
CAPÃO REDONDO (SÃO PAULO, CAPITAL)
Mesmo com o fim da ocupação, mantém-se o barracão onde a Povo Sem Medo Capão desenvolve atividades gratuitas para toda a comunidade: balé, jiu-jitsu, capoeira, oficina de corte e costura — tudo com trabalho voluntário. O espaço segue como ponto de apoio e referência para as famílias da comunidade que quiserem ajuda e orientações sobre seus direitos, como saúde e educação.
SANTO ANDRÉ (SP)
Para terminar o relato de tantas lutas e conquistas, 2017 ainda marcou o ano em que os futuros moradores das 910 unidades habitacionais de Santo André conheceram seus apartamentos, quase finalizados. Com entrega agendada para 2018, eles foram concretizados graças a Ocupação Novo Pinheiro do ABC.
Parabéns às famílias lutadoras do MTST. A luta é árdua, mas a conquista é certa!
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Em 2018, lutaremos ainda mais.