O Movimento dos(as) Trabalhadores(as) Sem-Teto, o MTST, é um movimento social que nasceu em 1997 com o intuito de garantir o direito constitucional à moradia digna para todas e todos.
Ao longo das últimas décadas, o MTST cresceu, ganhou visibilidade nacional e se faz presente em 14 Estados, sendo o maior movimento social urbano da América Latina e estando à frente das principais mobilizações sociais da esfera progressista no Brasil nos últimos anos.
A LUTA POR MORADIA
Apesar do que diz a Constituição Federal nos Arts. nº 6 e nº 23, a moradia é um direito do povo e uma obrigação do Estado —, o modelo de cidade em que vivemos, capitalista e baseado na especulação imobiliária, empurra milhões de brasileiros para regiões cada vez mais distantes, precarizadas e, muitas vezes, negligenciadas pelo poder público, enquanto segue refém de — e enriquecendo — especuladores e grandes empresários.
Atuando há 26 anos nas periferias urbanas do país, o MTST compreendeu que “moradia digna” é apenas o primeiro passo para que se possa sair da invisibilidade social. É preciso pensar em saneamento, alimentação, cultura, lazer, transporte, educação… Logo, muito além de um movimento por moradia, o MTST reivindica políticas de reforma urbana, para que seja possível a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Partindo dessa realidade, a ação do MTST se dá através da organização das trabalhadoras e trabalhadores urbanos mais pobres e precarizados, a partir do local em que vivem: as periferias das cidades brasileiras. E não apenas levantando ocupações, mas acolhendo e fortalecendo politicamente os indivíduos, lutando por uma reforma completa e real, que priorize aqueles que, sistematicamente, ficam à margem da sociedade. Assim, resistindo, ocupando a vida, e defendendo o direito à cidade.
O MTST é um movimento de moradia, mas essa luta sempre transbordou esse objetivo direto e o movimento foi muito além: a luta é por TETO, TRABALHO E PÃO:
TETO: A moradia é um direito, não uma mercadoria. Atualmente há 5,8 milhões de pessoas sem casa própria: nas ruas, morando de favor, pagando um aluguel ou vivendo em moradias precárias. Um em cada cinco brasileiros vive em habitação precária, uma insegurança presente na vida de milhões de pessoas que sofrem com a ameaça de despejo. O MTST está comprometido em construir alternativas populares para combater a mercantilização da moradia, construir o poder popular, articular a luta por teto com direitos trabalhistas e combater a fome, além de disseminar seu projeto político nos próximos anos.
TRABALHO: A precarização do trabalho tem excluído os trabalhadores informais das estatísticas, revelando a redução contínua dos direitos trabalhistas e a falta de proteção social. O MTST compreende que a luta por trabalho e seguridade social passa por um reconhecimento do valor que o trabalho daqueles que compõem a Economia Popular tem para a sociedade. Se a sociedade de hoje não tem mais capacidade de absorver todos os trabalhadores no mercado de trabalho formal, está nas mãos das trabalhadoras e trabalhadores organizados conquistar os novos caminhos de garantia de direitos e de uma vida digna para todos.
PÃO: A fome no Brasil ainda é uma realidade preocupante, afetando cerca de 33 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave atualmente. Ela atinge especialmente mulheres, pessoas negras e trabalhadores informais. Nas ocupações do MTST, as cozinhas coletivas são espaços fundamentais e, nos últimos anos, o combate à fome se tornou uma prioridade ainda maior, especialmente através das Cozinhas Solidárias. E mais do que isso, o MTST construiu uma forma de resistência baseada nos valores da coletividade e da solidariedade, que apontam uma saída digna para o nosso povo.