‘Temer quer tempo pois tem medo de sair do Planalto para a prisão’, afirma Boulos
Fonte: RBA
Foto: Lucas Duarte
“O pronunciamento do Temer foi lamentável, patético. O medo dele é sair do Palácio do Planalto e ir direto para a prisão. Ele quer tempo para negociar com o Judiciário. Diante disso, teremos uma crise prolongada e não podemos sair das ruas”, afirmou Guilherme Boulos, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), sobre discurso proferido hoje (18) pelo presidente Michel Temer (PMDB), no qual afirmou que não vai renunciar.
Temer fez seu pronunciamento na tarde desta quinta-feira após denúncia veiculada ontem. Joesley Batista, dono da JBS, teria gravado o presidente dando aval para a compra do silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. “Temer comprou o silêncio do capitão do golpe. Não são convicções, são provas. O grito de ‘Fora Temer‘ tem que tomar o país de norte a sul”, disse Boulos.
Movimentos organizados da sociedade civil criaram uma agenda de atos para pressionar pela queda de Temer. “Precisamos dar o empurrão que falta para ele cair e deixar esse lugar onde ele nunca deveria estar. O que aconteceu não foi surpresa para ninguém. O golpe foi baseado em corrupção e compra de silêncio. Esse discurso jogou combustível nas ruas do país. Todos sabem que vai cair, a questão é o tempo que ele quer para costurar um acordo e se livrar da prisão”, completou.
Para Boulos, a situação de Temer, apesar de insustentável, merece ser vista com cuidado por segmentos progressistas da sociedade. “Precisamos saber o que levou a Globo a publicar isso neste momento. Temos que derrubar o Temer mas não podemos ser feitos de patos pela Globo, como muitos foram feitos ano passado na Avenida Paulista”, disse, em referência às mobilizações que pediam o impeachment de Dilma Rousseff (PT), apoiadas pelo setor empresarial e midiático, em especial a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que inflou um pato de borracha na avenida Paulista.
“Se a Globo soltou isso é porque já tem uma carta na manga. Estão com alguém para botar no lugar dele. E quem eles querem colocar, seguramente, é alguém para continuar com a agenda de retirada de direitos de Temer, com as reformas trabalhista e da Previdência. Sabendo o que está em jogo, devemos ter clareza do nosso lado”, disse Boulos. A saída, de acordo com o líder do MTST, é a reivindicação popular por eleições diretas. “Temos que restituir ao povo brasileiro o direito de votar”, disse.
Boulos também lembrou de movimentos de direita que participaram da articulação pela queda de Dilma e apoiaram Temer. “Hoje, 99% do país defende o ‘Fora Temer’. Mesmo quem estava sustentando ele. Agora, com muita hipocrisia e oportunismo, o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua exigem sua renúncia. Mas a questão é qual será a solução após a saída de Temer. Não podemos aceitar Rodrigo Maia (presidente da Câmara, do DEM-RJ), nem que esse Congresso, que não representa o povo brasileiro, escolha o próximo presidente. Precisamos de uma saída ampla e democrática com ‘Diretas Já’”, completou.