Temer é instrumento do agronegócio e do mercado, afirma historiador
São Paulo – Segundo o historiador Luiz Marques, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a “sangria” que o senador Romero Jucá pretendia “estancar”, em diálogo vazado que virou célebre, não ocorreu e, agora, as denúncias se voltam também contra o PMDB e o PSDB. Contudo, segundo o professor, enquanto o governo Temer contar com o apoio do mercado financeiro e do agronegócio, não deve cair, apesar de toda a crise de legitimidade.
Ele aponta erros graves cometidos pelo governo Dilma em questões ambientais, mas diz que o governo Temer adota políticas ainda mais “destrutivas”, em benefício dos “interesses devastadores do agronegócio”, que assim lhe garantem a sustentação no poder.
Ele, e mais outros quatro professores da Unicamp, em entrevista ao jornal da universidade, avaliam as consequências da divulgação da chamada Lista de Fachin – que traz dezenas de políticos, entre ministros, senadores, deputados e governadores, que agora são investigados a partir das delações de executivos da Odebrecht – para o atual cenário político, agora em xeque. A lista é do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal.
Marques enumera as pautas destrutivas de interesse do agronegócio levadas a cabo por Temer, como asfixia orçamentária do Ministério do Meio Ambiente, de modo a reduzir a fiscalização e garantir impunidade em relação ao desmatamento ilegal, à invasão de terras indígenas e “assassinato em série de militantes ambientalistas”, e mudanças legislação em processos de licenciamento ambiental e áreas de proteção.
“E é esse o sentido duradouro das ‘reformas’ em que tanto se empenha seu governo, com o apoio tácito ou explícito dos oráculos do “crescimento econômico”, segundo os quais, como afirmou Celso Pastore, Temer está “recolocando a economia nos trilhos”. Quem se mantém informado sobre o agravamento e a aceleração das crises socioambientais em curso sabe bem aonde nos levam esses trilhos”, diz o historiador.