Wagner Moura, Seu Jorge e Mônica Iozzi participam de roda de conversa na ocupação do MTST em São Bernardo
Fonte: Rudge Ramos Online
Por Daniela Pegoraro e Bárbara Caetano
O bate-papo abordou assuntos como o filme biográfico de Marighella e a vida dos ocupantes
No barracão vermelho do MTST, no alto da ocupação que se instalou em um terreno de São Bernardo, os acampantes se aglomeravam, nesta terça-feira (22), para uma roda de conversa. O motivo era a presença dos artistas Wagner Moura, Monica Iozzi, Seu Jorge e Paula Lavigne, que foram ao local para conhecer os ocupantes e falar sobre a produção de um filme sobre Marighella, símbolo de resistência contra a ditadura militar.
Na primeira hora do encontro, os artistas ouviram as histórias de vida dos participantes do movimento, a fim de entender como é viver naquela situação. Seu Jorge, no entanto, mostrou que tinha muito mais em comum com os ocupantes. “Desde pequeno, até os 12, eu invadi casas. Morei em ocupações com minha mãe e meu pai”, contou em um discurso emocionado.
Marighella então se tornou o assunto principal da conversa, quando Wagner Moura comentou do longa-metragem que está produzindo sobre a história do guerrilheiro. Neto de escrava e filho de italiano, se envolveu muito cedo com a militância do Partido Comunista, e foi considerado o maior inimigo da ditadura militar. “Esse filme não vai ter nenhum sentido para a minha vida se não tiver para as pessoas pelas quais Marighella lutava. A melhor coisa que eu posso fazer pela memória de Marighella é que esse filme funcione como cinema popular”.
O protagonista do filme em questão será interpretado por Seu Jorge, que declara que é um papel muito difícil pelo peso que carrega. O cantor ressalta que o longa traz à tona questões que ele vive desde a sua infância. “A conexão que eu faço hoje é para a minha vida, não é para fazer esse filme que eu estou aqui. Eu estou aqui para entender que o meu país precisa de todas as forças, e não vai ser a minha que ele vai deixar de ter”.
O filme ainda não tem data de estreia, isso porque Wagner Moura conta estar com dificuldades para conseguir apoio na produção. “Temos pouco patrocínio, e esse é um filme caro por ter muitas cenas de ação. Nenhuma empresa de iniciativa privada quis patrocinar”. Mesmo com os contratempos, as filmagens vão começar em dezembro, e Moura acredita que o longa terá grande repercussão de bilheteria por ser um filme de cunho social.
Por que do apoio?
Não é a primeira vez que o movimento do MTST, em São Bernardo, recebe o apoio de artistas. Aline Moraes, Sonia Braga, Criolo e Emicida são alguns dos nomes que já foram à ocupação. O envolvimento dessas personalidades está vinculado ao 342Agora, movimento formado por um grupo de artistas voltado às questões políticas do Brasil. Paula Lavigne, líder do movimento, explica o motivo do apoio à causa “Todos essas ações são de pressão para chamar a atenção para essa questão, e esperamos que isso seja reconhecido. Quando a gente vem em uma ocupação do MTST, vemos que tem uma ordem, tem regras, e isso dá uma segurança para apoiarmos”.
Ter pessoas de grande nome que apoiem a ocupação é de grande importância para o MTST, como explica a apresentadora Mônica Iozzi. “Eu acho que a gente, como artista que ainda chama a atenção das pessoas, tem que usar esse espaço e se colocar nesse lugar de fala. As pessoas precisam parar de criminalizar os movimentos sociais ir até eles para entender o seu real significado”.
*Esta reportagem foi produzida por estagiários da Redação Multimídia da Universidade Metodista de São Paulo